quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Você é feliz no seu trabalho?


Por Carlos Faccina

Divulgada durante o CONARH ABRH, uma pesquisa revelou que quase a metade dos entrevistados respondeu NÃO à pergunta “Você é feliz no seu trabalho atual ou na sua última ocupação?”. 

Realizada e coordenada por Elaine Saad, Vice-Presidente da Diretoria Executiva da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-Nacional), a pesquisa demonstrou que 48% dos 5.685 entrevistados estão infelizes no trabalho, sendo que o percentual de mulheres (59%) supera o de homens (41%) igualmente insatisfeitos.

De acordo com a coordenação do trabalho, o termo “felicidade” foi relacionado ao fato do entrevistado se sentir bem, motivado, realizado e com boas perspectivas de crescimento na maioria do tempo – mínimo de 70% do tempo total.

Sobre a localização dos entrevistados, 86% dos profissionais que se afirmam insatisfeitos são do estado de São Paulo, seguidos pelos dos estados do Rio de Janeiro com 4%, Paraná e DF com 2% cada e Minas Gerais com 1%.

A felicidade aumenta com o tempo. Os menos felizes têm entre 20 e 30 anos e representam 32% dos entrevistados, contra apenas 8% de não satisfeitos na faixa dos 40 aos 50 anos. A formação acadêmica parece ajudar no bem-estar do funcionário: o maior número de entrevistados que responderam NÃO à pesquisa possuem graduação(61%). À medida em que escolaridade aumenta, o percentual de insatisfação diminui da seguinte forma: pós-graduação (18%), MBA (15%), mestrado (5%) e Doutorado (1%).

A área administrativa concentra o maior número de infelizes(17%), seguida pelas áreas financeira (9%) e recursos humanos (8%). O menor percentual de insatisfeitos, empatados com 4%, estão nas áreas de Consultoria e Varejo.

No post A felicidade dos executivos e a carreira de Beco, 85, destaquei uma abordagem que amplia a dimensão de carreira ao caracterizar felicidade como algo especial e único. E nesse aspecto, a pesquisa demonstra que uma maioria não se encontra realizada na maioria do tempo.

As grandes corporações não foram construídas na última década e não sabem falar do mundo dos sentimentos (leia “Não quero ter razão, quero é ser feliz”). Salvo exceções, a maioria tem mais de cinco décadas de vida (veja um contraponto em “Quer trabalhar no playground da Pixar?”). O modelo baseado em resultados ainda é o que norteia a nossa ação, mas as organizações estão percebendo que o crescimento do desempenho passa necessariamente pela compreensão madura do fator felicidade aplicado ao modelo de gestão.

A realidade demonstra que as diferenças humanas expressas pela emoção e sentimentos ocupam lugar secundário no cotidiano das corporações. Na prática e nas estratégias de mercado, esquece-se que os resultados dependem diretamente do conjunto de ações racionais e que elas, também, são reveladas por emoções e sentimentos. Prevalece, ainda, a crença de que são elementos separados da racionalidade e, portanto, incapazes de influenciar a obtenção de resultados positivos.